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Mostrando postagens de 2013

Sim e Nãos.

- Bom dia. - Bom dia.  Documento, por favor. - Claro. - Sinto muito, mas o senhor não vai poder entrar. - Como? - Exato, senhor. - Olha, deve estar havendo algum engano.  Pode checar a lista novamente? Eu fui convidado. - Sem engano senhor... Sim, correto? - Exato, Sim. - Justamente. Sins não são aceitos, somente Nãos. - Como é que é? - São normas senhor. Aqui só recebemos Nãos. - Mas, minha senhora, não faz o menor sentido. Como eu disse, fui convidado! Mais de uma vez, até. - Sinto muito senhor.  Nada de Sins - Mas... Eu trouxe presentes. Olha aqui! - Infelizmente não vou poder liberar sua entrada. Agora, o senhor poderia me dar licença? Olha a fila de Nãos esperando, o senhor está atrapalhando a passagem. - Mas... - Por favor, senhor. Compreenda. - Posso, pelo menos, deixar os presentes com um cartão. Alguém pode entregar? - Não. O sistema não permite. - Quer dizer que não há nada que eu possa fazer? Não posso entrar, não posso entre

No raso ou A incômoda sensação de, não sendo a Cléo, tornar-se um pires.

Vocês às vezes tem a sensação de que estão ficando burros? Ou que são cobaias num processo de superficialização comandado por seres alienígenas como num conto do Isaac Asimov?  Eu sim e essa sensação me incomoda como uma pedrinha, daquelas bem pontudas, no sapato. Acho que até já escrevi sobre isso aqui, não lembro quando, mas a cada dia me vejo menos capaz de fazer uma reflexão profunda sobre o que quer que seja. É isso, parece que estou ficando rasa, como se há alguns anos fosse uma bacia e, agora, estivesse me convertendo num pires (e nem é o caso de ser a Cléo).  Na verdade essa metamorfose não é um privilégio meu, há muitos estudiosos que defendem a tese de que A Sociedade (essa entidade a qual a gente pertence, mas parece que não é muito da nossa conta) está mais rasa em suas análises, na aplicação de seus conhecimentos, em última instância,  na sua vida. A relação entre quantidade e qualidade de informação e estímulo está longe de ser proporcional.  Hoje, todos parecemo

Agora só faltam 25!

A quem interessar possa, dos 26 itens desta lista aqui , até o momento, só posso dar check em um ( shame on you Luciana):  escrever uma poesia. Me perdoem os poetas, sei que há normas, técnicas, premissas para que um texto possa ser considerado, de fato, um poema. Seguramente eu infringi todos ou quase todos, mas convenhamos, para o fim a que se propõe, acho que está bem válido! É claro que não vou explicá-lo, poesia não se explica.  Apenas espero que possa tocar alguns de vocês de algum modo, em algum grau. Terá atingido, então, seu propósito. Então é isso. Escrevi meu poema, espero que tenham gostado. Torçam aí para que eu possa fazer as outras coisas,  já que o tempo ultimamente está no nível escolher entre comer, tomar banhou ou dormir.   Tá bem, vocês já devem estar pensando “lá vem ela com desculpas”, não é a intenção. Fico por aqui hoje, espero voltar em breve. Um ótimo final de semana para vocês!

Carne

Carne. Carne viva. De tanto apanhar. De tanto esperar o próximo tapa, o próximo chute. Trêmula e quente. Viva.  Sempre a espera da próxima compressa de alívio temporário. Breve respiro. Antes do novo vergão. Vermelho. Viva. Nervos e pele. Sangue que segue correndo. Escorrendo. Quente como lágrima. Viva. C arne que grita. Por socorro ou fé. Duvida. E, ainda sim, grita. Carne sua. Sua? Viva.
Setembro de 2013, estou a 3 meses de completar 36 anos e,  quando o aniversário que vai te deixar, oficialmente, mais próxima dos quarenta do que dos trinta se aproxima, você começa a pensar um pouco na vida (não que eu precise de pretexto para isto). Então numa dessas sessions de pensamentos vagos sobre minha vida pré-36 me ocorreu uma ideia nada genial - que já fique logo claro - mas que pode render, ao menos, uma movimentação de posts neste blog que anda tão paradinho. 26 coisas para fazer antes dos 36. Isso,  2 6 coisas para fazer antes dos 36,  a série, a lista que eu pretendo cumprir antes do dia sete de dezembro deste ano.  Calma, não esperem uma daquelas listas mirabolantes no estilo: escalar o Himalaia, acampar na ilha de Pascoa ou fazer um flash mob na rampa do Palácio da Alvorada. Até porque faltam só 03 meses e a pessoa aqui tem que trabalhar, meu povo!  Uma lista de coisas prosaicas, bobas até, mas que por alguma razão ­- que eu posso contar para vocês

Preciso te dizer uma coisa ou É menos surreal do que parece.

Num restaurante de São Paulo:  Garçon –  Está aqui a sua via, senhor. Obrigada. Já vou trazer o cafezinho. Cara  – Valeu grande.  Nossa, comi até demais, o risoto daqui é muito bom. Moça – É, é uma delícia mesmo. Cara. É... Eu preciso te falar uma coisa. Sabe por que eu insisti em vir no meu carro hoje? Cara –  Humm. Sei lá. Porque você não bebe e sabia que eu ia beber? Moça – Não. É porque eu escondi uma adaga no banco de trás e eu pretendo te matar com ela e depois desovar seu corpo num córrego. Cara – Ahahahahahahahahahaha! Moça – Cara... É sério. É verdade. Eu sou louca. Eu mato os caras com que eu transo. É tipo um padrão. Cara -    AHAHAHA. Maluquinha (beijo). Quer dizer que você é uma serial killer? Moça – Isso. Você lê jornal? Vê, sei lá, o UOL?! Já dever ter ouvido falar na Maníaca Perfumada.  Nos 5 corpos encontrados nos últimos meses... Cara – Pô. Até ouvi, mas... AHAHAHA.  Sei lá! Vai me dizer que a maníaca é você? Uhum.  Mas é uma linda, mes

A pena leve.

Que inveja sinto dos que escrevem como quem dá um  tapa na cara ou um beijo que faz o ar faltar. Palavras que cortam fundo, fazendo verter sangue até o limite do possível para se continuar vivo ou que aquecem o que estava congelado, quase morto, até o ponto de fervura ou de explosão. Mas eu não sou desses (ou dessas). Minha pena é leve, quase um suspiro. E não importa o quão duro eu tenha tentado, nem quantos anos tenham se passado, ela teima em não pesar. E eu me rendo a sua voluntariosa determinação. Escrevo como chuva fina que nunca chega à tempestade. Como um sorriso que acolhe, mas não eletriza feito a sonora gargalhada. Minhas palavras são como a moça jeitosinha que atrai um breve olhar no salão, mas não ameaça o juízo de ninguém.  É Belo Horizonte, não Paris. É prata e nunca ouro. Príncipe que jamais chega a rei. É comer por fome e não pelo desejo que faz a boca salivar. Minhas palavras são como a criança que brinca com a graça que toda infância possui, mas sem

"Ô, desce daí! " ou Egos King Size

Ao longo desta minha vida de garota latino-americana sem dinheiro no bolso, sem parentes importantes e nascida na metrópole tive a oportunidade – nada rara – de conviver com pessoas de egos enormes.  Egos do tipo king size mesmo. Daqueles que quando a pessoa vai viajar de avião tem que comprar dois assentos, um para ela, outro para o ego, sabem? Sabem. Quem nunca conheceu alguém assim, afinal?   Você mesmo, que me lê agora, bem pode ser um deles. Fato é que eu realmente tenho um imã para atrair esse pessoal.  Tenho lá minhas teorias sobre o motivo de acontecer com tanta frequência, mas não vem ao caso agora.  A questão é que conviver com gente assim me tirava do sério. Acho muito bacana a pessoa se ter em alta conta. É mesmo saudável que seja assim.  É certo amar-se, valorizar-se, sentir-se membro da parte foda da humanidade. Ok. O duro é quando o sujeito se torna o Mr. (Ms) Artigo Definido.  Não basta fazer parte do grupo dos que , não, ele é sempre o (a): O bonito, A talen

Dia dos Namorados - Dia Nacional de...

12 de Junho. Dia Nacional de: Donos de restaurantes, bares, hotéis e motéis fazendo valer o clareamento dental com aquele sorrisão de orelha a orelha.  Namorados(as) de funcionários de restaurantes, bares, hotéis e motéis tendo que adiar a programação romântica para outro dia qualquer.  Hora extra na floricultura. Sorteios das promoções de lojas e shopping centers que prometem levar pombinhos para arrulhar de amor em Nova York, Paris, Veneza, Ilhas Maurício... Com tudo pago, exceto alimentação, bebidas, traslados e tudo o mais que está nas letrinhas miúdas. Casais de pombinhos sortudos correndo atrás de visto e usando a imaginação para conseguir uma dispensa do trabalho fora da época de férias.  DR`s adiadas para não quebrar o clima. (Continue lendo)

5 dicas para ignorar o fato de que sua conta bancária está no vermelho.

Creio que só há dois tipos de pessoas para as quais o dinheiro deixa de ser uma questão diária: os ultra ricos e os absolutamente miseráveis. Os primeiros, porque têm tanto que é como se fosse o oxigênio, você não pensa na existência dele, simplesmente respira. Os segundos porque tem que se preocupar em sobreviver e o dinheiro é tão abstrato que não dá pra pensar nele como algo em si, não se pensa "queria ter dinheiro para comprar um frango" e, sim, "queria comer um frango". O restante da população, em algum momento do dia, vai pensar direta ou indiretamente em dinheiro: têm uma conta pra pagar, vai receber um extra, tem que checar o extrato pra ver se dá pra sair etc, etc. E quando, nesse momento diário de pensar em dinheiro, você realiza que ele foi dar um rolê e esqueceu de voltar pra sua conta (alô, alô, maioria da população brasileira)? Bom, você pode tentar analisar as origens do problema, buscar os conselhos de um especialista em economia, tent

Notícia da Vez - Neymarzetes e os 17 anos.

Sempre que vejo uma coisa destas digo mentalmente, "tá vendo só, eu realmente não tenho estrutura pra ser mãe, se fosse filha minha já dava logo na cara". Mas é claro que a coisa não é bem assim, se eu tenho ou não estrutura para ser mãe é papo para outro momento, o divã do psicanalista talvez. E, não, eu não daria um tapa na cara da menina. Em primeiro lugar porque eu não dou tapa na cara de ninguém e também porque eu já tive 17 anos.  Já  chorei por meus ídolos (à época), apenas nunca fui tão intrépida, nunca tentei invadir hotel de ninguém, tampouco enfrentei seguranças 4x4 para manter contato visual com quem quer que fosse. Por outra lado, fui a um show do Faith no More em 1991 estando com rubéola, mal parando em pé, desmaiei na segunda música, não vi nada, um horror, um mico, uma temeridade. Quer dizer, quando se tem 17,18 anos todo mundo pode ter atitudes de neymarzete em maior ou menor grau o que, aliás, acho que é bem normal e saudável. O duro é quando você resol

Ei! Você. Fica vai! Não vai embora, não.

Ei. Você. Psiu. Isso. Você mesmo. Não vai embora, não. Fica aqui comigo. Toma alguma coisa. Olha, pode pegar aquela almofada. Fica à vontade. Quer falar sobre o quê? Escolhe o assunto. Eu topo! Futebol. Novela. Política. Comida. Vida alheia. Topo até discutir religião. Não? Prefere jogar um baralhinho? Não sei. Mas você me ensina o básico e eu me viro. Quer um salgadinho? Prefere um doce? Faço um bolo pra você! Rapidinho. A gente toma com café. Tá friozinho. Gostoso. É, eu não estou podendo tomar café e é uma tortura sentir aquele cheirinho delicioso saindo da xícara fumegante. Mas tudo bem. Eu aguento. Faço qualquer coisa para você não ir embora e ficar aqui do meu ladinho. Topo qualquer coisa. Mas não me deixa aqui sozinha, não! Por favor. Por favor. Me faça a caridade de não me deixar sozinha comigo. Tá perigoso demais, hoje. Agora. Bem agora, neste momento em que todo o meu corpo físico e astral, todo o meu coração metafísico e muscular me pede para fazer aquela coisa que eu

Sambando em silêncio.

Olá inúmeros, tudo bem? Faz tempo que não passo por aqui, né? Está bem, vou confessar estou traindo vocês com o Tumblr. Mas não é hora de a gente discutir a relação.  É hora daquela passadinha rápida para comentar as genericamente chamadas "coisas da vida".  Vejamos se vocês se identificam com a seguinte situação. Você está vivenciando uma coisa muito legal, muito bacana, que a está deixando eufórica, otimista, vendo até brilho onde não tem. Mais ou menos como se estivesse passando uma escola de samba no curso da sua vida. E você, ali, doida para sambar na cara da sociedade e convidar todo mundo para participar do ziriguidum! Mas eis que, por alguma razão misteriosa do Cosmos, Sheeva, Budah ou Alá, ninguém ao seu redor parece estar vivendo o mesmo carnaval. Daí que você fica sem ter como compartilhar sua boa fase. Chato isso.  Pois, vejam, não fica bem você chegar jogando confete e serpentina no velório alheio, né? No mínimo uma falta de sensibilidade.

Criança Doente

Cartazes ou faixas relatando o desaparecimento de bichinhos de estimação com os dizeres “criança doente”.  Era muito comum vê-los espelhados por aí antigamente. Não tenho visto mais, talvez seja ainda uma prática comum, eu que não esteja prestando atenção. Vai que  postagens no Facebook cumpram hoje esta missão? De qualquer modo, me chamava muita atenção a expressão sempre em destaque : “Lorinha, vira lata da cor caramelo, desaparecida no último domingo, informações ligue para 234 56 89. CRIANÇA DOENTE!” Me  perguntava, haveria mesmo uma criança doente ou era apenas uma tentativa de sensibilizar? Se algum mal intencionado tivesse intenção de não devolver a Lorinha perdida, deixaria de fazê-lo pelo motivo de “criança doente”? Não sei.  Mas provavelmente a técnica tivesse mesmo alto grau de eficiência haja visto sua repetição em 97,3% dos cartazes. Deste modo comecei a pensar que possa me apoderar da expressão para outros fins. Hã? - Ingressos esgotados para aquele show

Da série Conversas Inúteis com a Vida

Assim, ao longo da minha idade adulta, se para cada 10 caras que me dizem “sabe, eu te admiro muito mesmo” , uma  dissesse “sabe, tô apaixonado por você”  eu teria ficado bem mais contente, por certo . Na boa Dna. Vida, vamos combinar uma coisa? Já deu de tanta admiração. Distribui melhor as cotas aí.  Cansei de ser do time das “admiráveis”, já pode passar para o das “apaixonáveis” ?! Grata. 

Sem café.

Oi inúmeros. Eu já comentei com vocês que estou sem café? Não, né? É. Sem ca-fé.  Por conta de questões paralelas (como já dizia Chico Buarque) que não vem ao caso no momento, aboli o café de minha dieta diária. Em princípio o "jejum" deve durar um ano, mas, vai que eu me acostume e não sinta mais falta, desgoste, passe a olhar e dizer "humpf", dando de ombrinhos? Vai saber... No momento me parece tão pouco provável quanto o norte coreano maluco Ping Pong Alguma Coisa Iang aniquilar os EUA com suas bombinhas de fantasia.  Me faz falta o café. Ô, como faz. No primeiro dia, nem me abalei, dei uma de forte. Tipo quando a gente toma aquele pé do cara, e sai no mais alto do salto. Quem perde é ele, tremendo babaca, nem queria mesmo. Dá-lhe sucos, chocolate quente. Segundo dia de manhã, a coisa começou a pegar. A tortura é proibida no Brasil, mas na minha casa se acorda com aquele cheirinho de café, inebriante, no ar. Deu uma falta física na mão de pega

Puta que Pariu Day.

Sabe aqueles dias em que você tem vontade de mandar um Puta que Pariu bem grande na cara do mundo? Não? Então deixa eu explicar como é que é. É assim: Você quer abrir a janela e gritar  Puta que Pariiiiiiuuuuu.   Mas não é só. Você também quer gravar uma música cujo único verso seja Puta que Pariu repetido indefinidamente numa melodia qualquer, pegar emprestado um desse carros tunados e rodar por aí fazendo as janelas trepidarem ao som da sua melô particular do Puta que Pariu . Mas não chega!  Você também quer ligar na redação da Folha e do Estado e ver se ainda dá tempo de colocar, na edição de domingo, um anúncio central de página dupla com a frase Puta que Pariu grafada em fonte Impact e caixa alta (pede pra gráfica segurar um tiquinho que já tô finalizando a arte!). Ainda não é o suficiente.  Se a Lei Cidade Limpa não permite mais outdoors na Marginal do Tietê nem do Pinheiros, apela-se para as rodovias! Dutra. Fernão Dias. Raposo Tavares. Route 66. Você quer