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Então, ela chorou.

Então ela chorou por dezessete horas seguidas. Chorou sozinha. Chorou no trabalho. E na rua. Adormeceu com os olhos inchados, mas menos que o coração. Que parecia não caber no peito, de tanto que apertava. Dormiu um sono agitado, quente, abafado, de sonhos que não conseguiu se lembrar. Então, acordou e percebeu que fossem quantas fossem as lágrimas que vertesse, não lavariam o acontecido. Percebeu que fossem quantos fossem os apelos feitos com o peito arfante, seriam em vão. Pois, assim como quando um não quer, dois não brigam, é igualmente verdade que quando um não quer, dois não podem amar.  Afeto não é migalha que se implore, é dádiva que vem da alma, se têm ou não se têm. Fazia sol e o calor já vibrava lá fora.  Ela se levantou, tomou um banho e se vestiu, de branco. E, com o mesmo cuidado com que penteou os cabelos claros, arrumou a dor numa caixinha. Guardou a caixinha num canto da alma, um que só ela conhece, e que de vez em quando tem de visitar. ...

Baseado em Fatos Reais

 - Então tá, tchau. Boa sorte. Se cuida.  - Obrigada, você também. (...) Você pode soltar a minha mão?  - Opa, desculpe, nem tinha percebido. Até mais, então.  - Tudo bem, mas... É que... Você tá segurando a minha mala.  - Ah! Que cabeça a minha. Ando tão distraída. Toma. Acho que tá tudo aí dentro, não tá esquecendo nada. Tchau, tchau.  - ...  - Que foi? Desistiu?  - Não. É que você tá prendendo o cadarço do meu tênis embaixo do seu salto.  - Ah. Não por isso, pronto. Tirei o pé. Adeusinho.  - Eu vou precisar dos meus documentos pra andar por aí, sabe como é...  - Sim. E?!  - Você colocou aí na sua bolsa. Será que pode me dar?  - Claro que sim! Puro esquecimento. Peguei pra conferir e acabei... Enfim. Documentos.  - Obrigada. Bom, então acho que agora eu posso ir. Adeus.  - Tchau. A gente se vê, né? Puxa, não me dá nem um abraço de despedida?  - ...  - Que foi? Não pode me dar nem ...

Saindo no auge.

De mim nunca se dirá "saiu no auge". Eu não sei sair no auge de nada, deixando aquela aura mítica de quem conhece o momento certo para tudo e usa isto a seu favor.  Eu vou sempre até o fim, até o desgaste total, até arrebentar o último fiapinho. Eu passo do limite do razoável. Esgoto todas as possibilidades. Eu sou a que é colocada pra fora da festa, jamais saio no meio do baile, enquanto a orquestra toca, fazendo as pessoas se perguntarem "ué, onde está a garota do vestido vermelho, já foi?". Não. Eu saio quando alguém já está varrendo o chão e me olhando como quem pergunta "ainda está aí?". Só quando apaga a luz. Só quando já não tem mais carona, nem táxi. Volto a pé, de salto quebrado, maquiagem borrada, sem nenhum glamour.  Mais pra Adriano do que para Pelé. Mais para Judy Garland do que pra Grace Kelly. Contrario os assessores, os conselheiros, a lógica e o bom senso.  Podem ir, vou ficar mais um pouco, tentar mais uma vez, errar mais uma v...