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Uma manhã qualquer.

A vida estava meio amarga naquela manhã. Enquanto bebia o café a goles curtos, o dia que mal começava já se mostrava infinito. Aquele tipo de infinito que não é vastidão, é só o não ter fim algo que, por natureza, deveria acabar. Foi então que ela teve a ideia que pareceu absurda no primeiro momento, tentadora no segundo e irresistível no terceiro. Olhou para a porta da cozinha, certificando-se de que ninguém entrava, apurou os ouvidos, todos estavam longe, ainda meio adormecidos  preparando-se para começar o dia. Fosse rápida e, quando chegassem, já estaria feito. Bebeu o último gole da xícara de café. Respirou fundo e não se deu tempo de hesitar. Abriu a tampa e mergulhou no pote de açúcar. Que estranha sensação. Não sentiu que a vida ficara mais doce, de início. Ao contrário, pareceu sufocar, o pote era apertado, o fino pó entrava pelas narinas, ela tossia. Mas então, aos poucos, foi se ambientando, os espaços pareceram se abrir e os pulmões já sabiam com...