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Mostrando postagens com o rótulo whatever

Sim e Nãos.

- Bom dia. - Bom dia.  Documento, por favor. - Claro. - Sinto muito, mas o senhor não vai poder entrar. - Como? - Exato, senhor. - Olha, deve estar havendo algum engano.  Pode checar a lista novamente? Eu fui convidado. - Sem engano senhor... Sim, correto? - Exato, Sim. - Justamente. Sins não são aceitos, somente Nãos. - Como é que é? - São normas senhor. Aqui só recebemos Nãos. - Mas, minha senhora, não faz o menor sentido. Como eu disse, fui convidado! Mais de uma vez, até. - Sinto muito senhor.  Nada de Sins - Mas... Eu trouxe presentes. Olha aqui! - Infelizmente não vou poder liberar sua entrada. Agora, o senhor poderia me dar licença? Olha a fila de Nãos esperando, o senhor está atrapalhando a passagem. - Mas... - Por favor, senhor. Compreenda. - Posso, pelo menos, deixar os presentes com um cartão. Alguém pode entregar? - Não. O sistema não permite. - Quer dizer que não há nada que eu possa fazer? Não posso entrar, n...

Preciso te dizer uma coisa ou É menos surreal do que parece.

Num restaurante de São Paulo:  Garçon –  Está aqui a sua via, senhor. Obrigada. Já vou trazer o cafezinho. Cara  – Valeu grande.  Nossa, comi até demais, o risoto daqui é muito bom. Moça – É, é uma delícia mesmo. Cara. É... Eu preciso te falar uma coisa. Sabe por que eu insisti em vir no meu carro hoje? Cara –  Humm. Sei lá. Porque você não bebe e sabia que eu ia beber? Moça – Não. É porque eu escondi uma adaga no banco de trás e eu pretendo te matar com ela e depois desovar seu corpo num córrego. Cara – Ahahahahahahahahahaha! Moça – Cara... É sério. É verdade. Eu sou louca. Eu mato os caras com que eu transo. É tipo um padrão. Cara -    AHAHAHA. Maluquinha (beijo). Quer dizer que você é uma serial killer? Moça – Isso. Você lê jornal? Vê, sei lá, o UOL?! Já dever ter ouvido falar na Maníaca Perfumada.  Nos 5 corpos encontrados nos últimos meses... Cara – Pô. Até ouvi, mas... AHAHAHA.  Sei lá! Vai me dizer que a...

A pena leve.

Que inveja sinto dos que escrevem como quem dá um  tapa na cara ou um beijo que faz o ar faltar. Palavras que cortam fundo, fazendo verter sangue até o limite do possível para se continuar vivo ou que aquecem o que estava congelado, quase morto, até o ponto de fervura ou de explosão. Mas eu não sou desses (ou dessas). Minha pena é leve, quase um suspiro. E não importa o quão duro eu tenha tentado, nem quantos anos tenham se passado, ela teima em não pesar. E eu me rendo a sua voluntariosa determinação. Escrevo como chuva fina que nunca chega à tempestade. Como um sorriso que acolhe, mas não eletriza feito a sonora gargalhada. Minhas palavras são como a moça jeitosinha que atrai um breve olhar no salão, mas não ameaça o juízo de ninguém.  É Belo Horizonte, não Paris. É prata e nunca ouro. Príncipe que jamais chega a rei. É comer por fome e não pelo desejo que faz a boca salivar. Minhas palavras são como a criança que brinca com a graça que toda infância possui,...

Ei! Você. Fica vai! Não vai embora, não.

Ei. Você. Psiu. Isso. Você mesmo. Não vai embora, não. Fica aqui comigo. Toma alguma coisa. Olha, pode pegar aquela almofada. Fica à vontade. Quer falar sobre o quê? Escolhe o assunto. Eu topo! Futebol. Novela. Política. Comida. Vida alheia. Topo até discutir religião. Não? Prefere jogar um baralhinho? Não sei. Mas você me ensina o básico e eu me viro. Quer um salgadinho? Prefere um doce? Faço um bolo pra você! Rapidinho. A gente toma com café. Tá friozinho. Gostoso. É, eu não estou podendo tomar café e é uma tortura sentir aquele cheirinho delicioso saindo da xícara fumegante. Mas tudo bem. Eu aguento. Faço qualquer coisa para você não ir embora e ficar aqui do meu ladinho. Topo qualquer coisa. Mas não me deixa aqui sozinha, não! Por favor. Por favor. Me faça a caridade de não me deixar sozinha comigo. Tá perigoso demais, hoje. Agora. Bem agora, neste momento em que todo o meu corpo físico e astral, todo o meu coração metafísico e muscular me pede para fazer aquela coisa que eu...

Criança Doente

Cartazes ou faixas relatando o desaparecimento de bichinhos de estimação com os dizeres “criança doente”.  Era muito comum vê-los espelhados por aí antigamente. Não tenho visto mais, talvez seja ainda uma prática comum, eu que não esteja prestando atenção. Vai que  postagens no Facebook cumpram hoje esta missão? De qualquer modo, me chamava muita atenção a expressão sempre em destaque : “Lorinha, vira lata da cor caramelo, desaparecida no último domingo, informações ligue para 234 56 89. CRIANÇA DOENTE!” Me  perguntava, haveria mesmo uma criança doente ou era apenas uma tentativa de sensibilizar? Se algum mal intencionado tivesse intenção de não devolver a Lorinha perdida, deixaria de fazê-lo pelo motivo de “criança doente”? Não sei.  Mas provavelmente a técnica tivesse mesmo alto grau de eficiência haja visto sua repetição em 97,3% dos cartazes. Deste modo comecei a pensar que possa me apoderar da expressão para outros fins. Hã? - Ingressos esgotad...

Daqui não saio. Daqui ninguém me tira

Idéia fixa, você ainda vai ter. Idéia fixa. O nome já diz tudo. Aquele  pensamento que chega com sua barraca, fogareiro, saco de dormir, lanterna e farta reserva de alimentos para passar dias, semanas, quiçá meses, alojado em nossa cabeça. Ele pode até ter sido convidado e ser do tipo bacana, leve, divertido. Ainda assim, não é bom um pensamento que fica aboletado indefinidamente. Como quando a gente recebe visita em casa, por mais que seja querida,  o papo seja bom, chega aquela hora em que você quer colocar o pijama rasgado, comer leite condensado direto da lata, de perna pra cima no sofá, sabe como é... Agora, dureza mesmo, caso de polícia é quando a tal idéia fixa é do tipo persona non grata.   Vem pra atormentar, tirar o sossego, atrapalhar as outras atividades sem trazer nada de útil em troca, só pra incomodar mesmo.  Colocar a vassoura atrás da porta parece que não funciona. Então, o quê?! “Ocupe a mente com outra coisa” dizem os experts. Ah, tá,...

Fazer-se de vítima x vitimar-se.

Não confundir. Fazer-se de vítima é diferente de vitimar-se. “Fulano se faz de vítima”, costuma-se dizer do sujeito que tem por hábito reclamar de todas as situações ou, ainda pior, reclamar constantemente da mesma situação... O sujeito que “se faz de vítima” culpa o outro, os deuses, a sorte ou o destino por seus males, isentando-se da responsabilidade (para não usar o termo culpa, mais pesado) pelo seu sofrimento nesta ou naquela situação. Quem “se faz de vítima” frequentemente, mais que comover o outro, tenta enganar a si mesmo. No fundo sabe que não é nada daquilo, o erro é seu, mas ele não quer assumir para não ferir seu orgulho ou seu ego. Já o sujeito que se vitima não é um enganador, tampouco alguém que não assume seus erros.  Ao contrário, é alguém que se rende a eles num grau tão profundo que, deliberadamente, se coloca na condição de vítima. Vítima do outro, vítima da situação, vítima da sua mente. Como se oferecesse a si mesmo  em sacrifício, na maioria...

Imagine o Obama!

Eu agora adoto um novo índice quando quero relativizar o peso das coisas na minha vida, o Índice Obama de Pepino Quotidiano (IOPQ, para os íntimos). Sempre que eu acho que estão me demandando demais, enchendo muito o meu saco, esperando de mim muitas opiniões ou quando tenho que tomar alguma decisão que esteja me angustiando eu penso "imagina o Obama!", e tudo parece bem mais bolinho. Desenvolvi este parâmetro há pouquíssimo tempo, agora, durante a reta final da campanha para a presidência dos EUA. Vendo uma matéria sobre o debate que iria rolar naquela noite entre os candidatos eu e minha mãe começamos a nos questionar, afinal, o que diabos leva um ser humano a querer ser presidente dos EUA?! É só bucha!! É considerado assunto do cara tudo, absolutamente tudo, o que acontece no mundo, dos conflitos no Sudão setentrional ao casamento do Príncipe da Normandia. E para tudo, absolutamente tudo, ele tem que ter uma opinião. Além disso ele é tipo a personificação de...