Ei. Você. Psiu. Isso. Você mesmo. Não vai embora, não. Fica aqui comigo. Toma alguma coisa. Olha, pode pegar aquela almofada. Fica à vontade. Quer falar sobre o quê? Escolhe o assunto. Eu topo! Futebol. Novela. Política. Comida. Vida alheia. Topo até discutir religião. Não? Prefere jogar um baralhinho? Não sei. Mas você me ensina o básico e eu me viro. Quer um salgadinho? Prefere um doce? Faço um bolo pra você! Rapidinho. A gente toma com café. Tá friozinho. Gostoso. É, eu não estou podendo tomar café e é uma tortura sentir aquele cheirinho delicioso saindo da xícara fumegante. Mas tudo bem. Eu aguento. Faço qualquer coisa para você não ir embora e ficar aqui do meu ladinho. Topo qualquer coisa. Mas não me deixa aqui sozinha, não! Por favor. Por favor. Me faça a caridade de não me deixar sozinha comigo. Tá perigoso demais, hoje. Agora. Bem agora, neste momento em que todo o meu corpo físico e astral, todo o meu coração metafísico e muscular me pede para fazer aquela coisa que eu não posso e não devo.
Se eu ficar comigo, não vou ter força pra me segurar. O silêncio ao meu redor vai fazer a voz da minha cabeça - oca - soar tão alta... E ela fala um monte de besteiras! Ela fala que tem chance. Ela me diz pra tentar. Ela canta um canto sedutor da esperança e possibilidades. Ela sussurra "liga, escreve". Ela vem com um papo de ser "fiél aos meus sentimentos" mesmo sabendo que isso equivale e me colocar na linha de tiro. Fatal. Ela não se importa. Ela também não. Já você... Você não tem como se importar ou não se importar Nem nos conhecemos. Você só precisa ser gentil. Me fazer a gentileza de não me deixar à mercê.
A mercê do meu coração e da minha cabeça (oca). Fica. A gente pode conversar sobre amor. Sobre como ele nem sempre é uma coisa boa, ao contrário do que diz a lenda.
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