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"Ô, desce daí! " ou Egos King Size


Ao longo desta minha vida de garota latino-americana sem dinheiro no bolso, sem parentes importantes e nascida na metrópole tive a oportunidade – nada rara – de conviver com pessoas de egos enormes.  Egos do tipo king size mesmo. Daqueles que quando a pessoa vai viajar de avião tem que comprar dois assentos, um para ela, outro para o ego, sabem? Sabem. Quem nunca conheceu alguém assim, afinal?  Você mesmo, que me lê agora, bem pode ser um deles.

Fato é que eu realmente tenho um imã para atrair esse pessoal.  Tenho lá minhas teorias sobre o motivo de acontecer com tanta frequência, mas não vem ao caso agora.  A questão é que conviver com gente assim me tirava do sério. Acho muito bacana a pessoa se ter em alta conta. É mesmo saudável que seja assim.  É certo amar-se, valorizar-se, sentir-se membro da parte foda da humanidade. Ok. O duro é quando o sujeito se torna o Mr. (Ms) Artigo Definido.  Não basta fazer parte do grupo dos que, não, ele é sempre o (a): O bonito, A talentosa, O inteligente, A engajada...

Eu costumava ficar muito puta com esse pessoal!  Com esse jeito de viver que considera o seu – maravilhoso, claro – umbigo o centro da galáxia. Via-me na posição de ficar, lá, gritando para que me ouvissem do alto do seu pedestal, “ei, ô, desce um pouquinho daí”. Tarefa infrutífera em quase 100% das ocasiões.  O colo do ego deve ser um lugar confortável paca: fofinho, quentinho, com vista panorâmica para o resto da humanidade.

Até que eu comecei a ver o óbvio ululante, um ego plus size super combo deluxe não se desenvolve sozinho. Ele geralmente é fruto de uma adulação e/ou uma facilidade constante que a pessoa encontrou na vida.  Como ser diferente quando o sujeito ouve o tempo todo, de todos ao redor, só elogios? Quando há um coro de gente reforçando, a todo  minuto, o quanto você é lindo, inteligente, engraçado, sofisticado, elegante, competente, cheiroso e sei lá mais o quê?  Poxa, assim até eu, Eliseu! A relação entre o tamanho do ego do sujeito é inversamente proporcional ao tanto que ele apanhou da vida (algum Sheldon Cooper de plantão faz aí uma fórmula bonita pra isso?).


Daí que não fico mais puta. Não peço mais pra pessoa descer. Não tento espetar o balão em que o egocêntrico voa com uma agulha pra ver se ele cai.   Se o ambiente fica apertado demais para nós três, eu saio, sem crise. Se dá pra espremer, a gente espreme (às vezes é gostoso, fofinho e tals).  Simples assim. Não acho que a vida vá parar de colocá-los no meu caminho. Nem sei que quero, eles têm me ensinado bastante.  Afinal, são Os Tais. 



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