Vocês às vezes tem a sensação de
que estão ficando burros? Ou que são cobaias num processo de superficialização comandado por seres alienígenas como num conto do Isaac Asimov? Eu sim e essa sensação me incomoda como uma
pedrinha, daquelas bem pontudas, no sapato.
Acho que até já escrevi sobre
isso aqui, não lembro quando, mas a cada dia me vejo menos capaz de fazer uma
reflexão profunda sobre o que quer que seja. É isso, parece que estou ficando
rasa, como se há alguns anos fosse uma bacia e, agora, estivesse me convertendo
num pires (e nem é o caso de ser a Cléo). Na verdade essa metamorfose
não é um privilégio meu, há muitos estudiosos que defendem a tese de que A Sociedade
(essa entidade a qual a gente pertence, mas parece que não é muito da nossa conta) está mais rasa em suas
análises, na aplicação de seus conhecimentos, em última instância, na sua vida.
A relação entre quantidade e qualidade de informação e estímulo está longe de
ser proporcional.
Hoje, todos parecemos saber um pouco de tudo e conhecer muito de quase nada. Estamos em dez lugares ao mesmo tempo – ou alguma parte de nós está – mas onde estamos inteiros? Ou melhor, onde somos inteiros? Enfim, são questões do nosso tempo, comuns a todos, mas não para todos um problema. Sim, porque para muita gente isso não causa nenhum incômodo, aliás, sequer é uma questão. Euzinha já não posso dizer o mesmo. Tenho me incomodado cada vez mais ao notar que aquela parte de mim que me levava mais fundo, mais longe e mais alto está indo embora, cabisbaixa e amuada pela porta dos fundos.
Hoje, todos parecemos saber um pouco de tudo e conhecer muito de quase nada. Estamos em dez lugares ao mesmo tempo – ou alguma parte de nós está – mas onde estamos inteiros? Ou melhor, onde somos inteiros? Enfim, são questões do nosso tempo, comuns a todos, mas não para todos um problema. Sim, porque para muita gente isso não causa nenhum incômodo, aliás, sequer é uma questão. Euzinha já não posso dizer o mesmo. Tenho me incomodado cada vez mais ao notar que aquela parte de mim que me levava mais fundo, mais longe e mais alto está indo embora, cabisbaixa e amuada pela porta dos fundos.
De alguma maneira, este blog é –
ou deveria ser – o fiapinho que ainda prende esta parte de mim aqui. Frágil o
coitado, mas resistindo. Suponho que todos os que se sentem incomodados com a sensação
de virar um homem ou mulher pires têm o seu, algum fiozinho
que ainda os conecta ao lado menos raso de ser. Podemos combinar uma coisa? Avisemos uns aos outros sempre que
descobrirmos um novo jeito de não deixar que se arrebentem, mas vamos colocar o
aviso bem na superfície, caso contrário, corremos o risco de não enxergá-lo.
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