Eu
perco as coisas. Simples assim. A coisa vem parar em minhas mãos e logo some,
desaparece, puff! Se minha vida fosse um conto de fadas ou uma animação Disney
poderia jurar que se trata de uma maldição rogada pela bruxa má logo no meu
nascimento, lá no reino muito, muito distante. “Essa menina perderá todos os
objetos que lhe são caros. Valiosos ou ordinários, não importa, ela os perderá.
E isso causará transtornos a ela e aos seus. Hahaha (risada malévola da bruxa).
A única forma de cessar a maldição é receber o beijo do príncipe que encontrar
seu...” Ai, ai, ai. Vai ser difícil o final feliz.
Alguém viu minha cabeça por aí? |
Eu
perco tanto as coisas que, às vezes, fica até difícil de as pessoas
acreditarem. Só nos último 12 meses, por exemplo, eu perdi 3 celulares. O
último, coitado coitada de mim, não completou 60 dias em meu poder. O
caso é que não me assaltaram, não me furtaram, eu simplesmente perdi. Bilhetes
únicos, repletinhos de créditos, também foram 3. Um deles eu recuperei na sexta
e perdi no domingo. A funcionária do posto da SP Trans ficou me olhando
com cara de quem estava convicta da minha intenção de dar algum tipo de golpe
na Prefeitura. Mas o Haddad pode ficar tranquilo, a única a tomar
prejuízo fui eu.
Até
hoje minha mãe se ressente de um anel de ouro com o qual ela e meu pai me presentearam
pelo meu aniversário de quinze anos (joias não são uma tradição na minha
família, creia) e eu perdi antes de completar 18. E por aí vai.
Uma
biblioteca de livros esquecidos no metrô, guarda-chuvas que dariam para
proteger um Pacaembu lotado, prendedores de cabelo para fazer a alegria de mil
Rapunzéis. Óculos, recibos, cartões de visita, batons, meias, anotações, squeezes,
cabos HDMI... A lista é enorme.
Vivo
bolando umas estratégias para não perder as coisas, mas estou chegando à conclusão
de que atar-me aos objetos com correntes é a única solução.
A
esta altura você deve estar pensando que nunca deve emprestar nada para mim.
Sensato da sua parte. No entanto, nunca perdi nada que não fosse meu, sério.
Protejo os bens alheios com minha própria vida e os devolvo aos donos sem
qualquer arranhão. Freud explica.
Aceito
sugestões de terapeutas, neurologistas, acupunturistas,numerologistas e gurus em geral para resolver este meu
problema. Vou anotar aqui na agenda para dar uma pesquisada sobre o assunto no
Google.
Epa!
Cadê minha agenda que estava aqui agorinha mesmo?
*Ilustração São Longuinho: Maria Ferrari
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