Dia desses minha irmã me chamou a atenção para uma coisa interessante, descrevo antes um breve diálogo ocorrido entre minha mãe e uma vizinha:
- Então, fulana fez ultrassom esta semana.
- Ah, é?! E é menino ou menina?
- Menino.
- Menino?! Ai que lindo! Um menininho, que gracinha...
Notem que, se a resposta tivesse sido "é uma menina" a empolgação teria sido exatamente a mesma. "Menina?! ai que lindo, uma menininha" e blá, blá,blá. De modos que se a fofurice do bebê independe do sexo, para que a pergunta? Bom, o ser humano é curioso e talvez ela quisesse simplesmente saber por saber, mas no fundo pode ser que preferisse ouvir a resposta A ou B, porém quem vai ter coragem de dizer: Ah, é menino(a) ? Que pena, uma menininha(o) é sempre mais graciosa (o). ? Relações para sempre cortadas com a vizinha.
Substitua-se minha mãe e a viznha por quaisquer outras pessoas do mundo - ao menos do mundo Ocidental, tendo em vista que na China e em alguns países árabes o nascimento de uma mulher não é lá muito festejado e caras feias são super permitidas - e o diálogo seria igualzinho.
Comecei a pensar que fazemos este tipo de coisa todo o tempo:
- E as férias? Viajou?
- Sim! Fui para a Grécia!
- Grécia?! Nossa que máximo!
Poderia ser França, Uruguai, Madagascar ou Rússia. Quem vai ter coragem de dizer para o cidadão, que ainda vai pagar 14 prestações do pacote, que o lugar que ele escolheu você acha mico?
- Comprei um carro novo!! (palminhas e pulinhos da colega de escritório)
- Sério? Parabéns. Que carro você comprou?
- Um Fox. (sorrisão)
- Um Fox?! Que legal!! É uma graça o Fox.
Poderia ser Celta, Punto, Fiesta, Logan, C3... Você jamais vai assumir que acha o modelo medonho ou fez um test-drive e achou tudo duro e horrível.
Enfim, são regrinhas implícitas para o bom convívio em sociedade, as seguimos e nem nos damos conta, é muito natural. E ainda bem, né? Se com toda esta polidez o ser humano já está sempre encontrando razões para se matar, imagine se usássemos de total sinceridade o tempo todo? Eu hein, meda.
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