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Nada é tão ruim...

Nada é tão ruim que não possa ficar pior! A Marcinha sempre dizia, na sua cabeça esta era uma frase animadora, que fazia com que a pessoa encarasse uma situação adversa como se fosse até positiva ante a perspectiva de que a tal situação pudesse ser ainda mais dramática. No conceito motivacional da Marcinha, isto funcionava como uma espécie de mola propulsora que fazia com que o sujeito se mobilizasse a resolver o problema antes que ele se agravasse, ao invés de ficar se lamentando...
Fato é que em casos de falecimento de ente querido, perda do emprego, catástrofe natural, divórcio litigioso, fosse o que fosse, lá vinha a Marcinha com seu ar sábio e ponderado "nada é tão ruim que não possa ficar pior". Ah, claro que ela foi, diversas vezes, incompreendida. Muitos achavam que esta frase era um deboche, ou até mesmo um vaticínio; como quando no enterro do Sr Fidélis, coitado, falecido de câncer de próstata aos 72 anos, aproximou-se da viúva Marcelina e num abraço carinhoso após os pêsames habituais deu-lhe um sorriso e olhando bem nos olhos da chorosa mulher soltou o seu famoso bordão... Não é que a senhora ficou uma fera?! Na ausência de melhor arma, sacou o rosário que levava ao pescoço e deu, com Marias e Pai Nossos, algumas boas chicotadas na pobre da Marcinha: "sua descarada, não tem respeito pelo sofrimento dos outros?!!! Pois saiba que o Olavo ainda vai viver muitos anos!!!!";achando que a moça sabia de seu relacionamento extraconjugal e insinuava que o amado amante também poderia estar com o pé na cova... Pobre Marcinha, apanhou inocente, nem sequer desconfiava de tal affair...
(continua)

Comentários

Danilo Vivan disse…
Muito bom texto! Feliz ano novo pra você e, ó, aprendi a pôr os blogs alheios no meu. Dê uma olhada lá - o texto da São Silvestre entrou, finalmente. Bjão.

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1997

Em junho de 1997 Jurassik Park estreava nos cinemas e Spielberg ficava um pouco mais rico, mesmo não estando em um de seus melhores momentos. No mês seguinte, a empregada doméstica Célia tinha seu segundo filho, sozinha, num minúsculo quartinho e,em seguinda, abandonava-o numa calçada, próximo ao lixo, sendo promovida desta forma a personagem de execração pública nacional. No futebol, Pelé tentava aprovar um pacote de medidas que, entre outras coisas, acabava com a lei do passe. O Rio de Janeiro se preparava para a visita do Papa João Paulo II. A atriz Vera Fischer perdia na justiça a guarda de seu filho com o também ator Felipe Camargo. José Saramago publicava Todos os Nomes, mais um na sua lista aparentemente infinita de ótimos livros. Enquanto tudo isto – e muito mais – acontecia, eu estava fazendo o quê? Quantos navios eu fiquei a ver passar em 1997? Dezenas, de certo. Talvez centenas. Fato é que, sei lá, me deram um boa noite Cinderela qualquer que me fez dormir acordada. Era époc...

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