Quanto valem 1,50m de denim de segunda qualidade e um punhado de flores de plástico? Muito pouco, uma bagatela, seria a resposta da maioria das pessoas analisando friamente a pergunta. Por analisar friamente entenda-se dar aos materiais a conotação que eles têm em termos de preço, a quantidade de zeros a direita que dão a cada um deles seu maior ou menor status comercial. Não se trata de insensibilidade, apenas da visão que em nosso dia-a-dia em sociedade, temos das coisas ao nosso redor, do que compramos ou vendemos. Sem esta objetividade a atividade comercial seria praticamente inviável: ao invés de lojas, supermercados e magazines, uma casa de leilão em cada esquina, onde cada um pagaria por todo e qualquer objeto o que achasse justo, digno, válido enfim. Difícil até de imaginar.
No âmbito privado, porém, todos temos nossa própria noção de valor para cada objeto que faz (ou que desejamos que faça) parte da nossa vida. Noção esta que, não apenas independe, ma muitas vezes se contrapõe totalmente ao preço comercial deste objeto.
Uma saia simples como a da imagem acima (feita com denim barato e flores de plástico da 25 de Março) é uma das peças mais valiosas do meu guarda-roupa. Usada como figurino teatral nos meus tempos de atriz, fica guardada numa mala, junto com outros tantos figurinos. Mala à qual recorro espaçadas vezes em busca de resgatar sensações e sentimentos de uma época em que minha vida era muitas vidas, memórias indeléveis de meus momentos mais felizes que, se não precisam de uma saia para existirem, por meio de sua simples imagem, se avivam, agudizam.
Irônico é que, quando queremos dizer que algo nos é muito caro dizemos que “não tem preço”, mas se dissermos que “não tem valor” significa justamente o oposto...
Quanto vale esta saia para mim, na minha história? Diria que, efetivamente, ela não tem preço, justamente porque, para mim, tem muito, mas muitíssimo valor.
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