Na última sexta-feira saindo do cinema - acabara de assistir a O discurso do Rei e havia gostado muito, vai ver por isto fiquei meio sei lá o quê - pisei em falso no degrau da escada de saída e tomei um tombo homérico, me esborrachando de quatro no chão... Em menos de 0,003 segundos, me levantei e, mesmo com os dois joelhos ralados, ardendo e latejanto loucamente, saí andando na velocidade da luz no intuito de me ver longe dali o mais rápido possível. Motivo: vergonhaaaaa! Que sensação de desconforto de um momento para o outro ser motivo de riso para um monte de desconhecidos, não? E uma espécie de raivinha daquele casal que, gentil, se abaixou para perguntar se estava tudo bem, se eu havia me machucado (me machucado, eu? Imagina! Aliás, quem mandou vocês repararem que eu caí feito uma jaca madura??!!).
Passada a emoção inicial, horas depois, com os joelhos já devidamente mertiolatizados, hirudoidizados e bandeidados fiquei pensando: por que será que a gente se sente tão mal com estes pequenos micos do dia-a-dia que, além de não trazerem maiores consequências, acontecem com rigorosamente todo mundo?
Quem nunca escorregou na rua, quem nunca tropeçou no degrau do escritório, quem nunca deu aquela desequilibrada na esteira da academia num momento de empolgação, quem nunca virou o copo de bebida na própria roupa no meio da festa ou deu aquela topada na coluna, bem na hora da entrada triunfal??!! Creio que pouquíssima gente. Eu, seguramente, milhaaaaares. No entanto, sempre temos a sensação de sermos os únicos e parece que a máscara do Pateta cola na nossa cara nestas horas. Claro, o fato das pessoas rirem não ajuda muito... Aliás, por que será que achamos tanta graça deste tipo de situação? Taí uma situação de constrangimento inversa: quem nunca quase sufocou para tentar controlar a gargalhada ao ver o chefe tropeçando na mesa, ou o sogro escorregando na casca de banana...
Dos micos nossos de cada dia ninguém escapa e estarmos do lado A ou B é apenas uma questão de revezamento.
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