É, não tem jeito, eu sou mesmo uma romântica inveterada. Tipo aquela música do Lulu Santos, a diferença é que, para meu azar, não estou em nenhum litoral do oceano atlântico. Eu acredito em conto de fadas, amor eterno, casais de 90 anos de mãos dadas, paixão a primeira vista, cartas de amor, sininhos tocando, almas gêmeas, fidelidade de pelo menos 90%, tesão que dura décadas, admiração mútua e blá, blá, blá, blá. O que é muito estranho, porque não creio em gnomos, nem fadas, acho um tédio livros de auto-ajuda, e no fundo no fundo, digo "yessss" quando vejo uma criança finalmente se tocar que papai noel não existe. E.Ts? Olha, até acreditava um tiquinho, mas isto foi antes de assisitir a uma palestra do Marcelo Gleiser que me convenceu totalmente que não há vida inteligente fora da Terra (aliás, dentro dela também parece que tem faltado um bocado), pena que ainda não vi nenhuma palestra que me fizesse deixar de crer em happy endings sentimentais .
Ontem assisti a um filme que só poderia agradar mesmo a mulheres como eu, 27 Dresses ou Vestida para Casar, na tradução ridícula que deram em português. O filme é uma daquelas comédias românticas de final previsível, que os americanos sabem fazer como ninguém, cheia de encontros e desencontros e reencontros, gente linda e carismática, beijos épicos e, claro, doses cavalares de happy endings. Tem gente que usa cocaína, eu vejo este tipo de filme às vezes...
Não sei qual a explicação para eu ser assim, talvez seja genético, talvez gente como eu tenha um DNA lá escondidinho que determina que o nosso coração seja uma espécie de Pollyanna a bater no nosso peito. Até aí, tudo bem, afinal há quem tenha olhos azuis, há quem nasça com orelhas de abano, há quem tenha quadris estreitos, há sardentos, há ruivos... Porém, se for este o caso, algum cientista em Harvard ou Yale tem que divulgar loguinho, loguinho, um estudo provando por A + B que nós não temos culpa de ser assim, afinal, hoje em dia a sociedade não nos aceita muito bem. Ok se eu não tiver muita ética, mastigar de boca aberta, tiver Q.I de -2, ser contra o uso de desodorantes , ser pansexual ou não gostar muito de poodles. Mas ser uma mulher romântica, hmm... Na era da pegação geral, das "mulheres bem resolvidas", do ninguém espera nada de ninguém, e blá, blá, blá, assumir que busco alguém pra vida toda assusta mais do que dizer que eu tenho o vírus Ebola. O fato de eu gostar de ganhar flores e acreditar que a palavra amor ainda significa alguma coisa, não significa que eu não seja uma "mulher bem resolvida", aliás alguém pode me definir esta expressão?! Sim, pois estou cheia de ver "mulheres bem resolvidas" que, quando ninguém está olhando, são um poço de frustração e carência. De qualquer modo, fico feliz em saber que ainda tem uns quantos e quantas por aí que, como eu,assumem seu romântismo a despeito de parecerem ridículos. Quem sabe a gente não crie uma ONG para lutar contra nossa extinção? Poderia ser uma boa, quem sabe um dia realizássemos uma passeata simutânea em São Paulo, Nova York, Tóquio, Buenos Aires e Paris; quem sabe fizesse uma linda tarde de Sol; quem sabe no meio da (pequenina) multidão os olhares se cruzassem; quem sabe eles sorrisem; quem sabe se beijassem, quem sabe fossem felizes para sempre...
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bjos