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Com elas não.

A revolta é um sentimento danado que acomete com frequência os seres humanos que não atingiram ainda um elevado grau de espiritualidade - grupo no qual me incluo - com intensidade variando entre em 1 e 1 0000 0000. E estou me referindo apenas às revoltas, digamos, menores e mais pessoais, não às grandes revoltas da humanidade, com R maiúsculo, dos povos oprimidos, das legiões de injustiçados em massa. Revoltas que podem desembocar em revoluções, guerras, novas configurações geopolíticas, etc e tal.
Falo daquelas pequenas pedrinhas que insistem em entrar no nosso sapato cotidiano e nos tiram do estado de serenidade e contentamento. Tão variável quanto a sua magnitude é a reação que cada um tem diante da revoltinha com r minúsculo.
Há quem, ao se encontrar numa situação que considere injusta, indigna,desconfortável ou embaraçosa maldiga os deuses ou seus ancestrais. Há os que vociferem uma sequência impublicável de impropérios. Existe a turma que parte para a agressão física e que se cuide quem estiver por perto para não levar um soco, recolham-se os vasos ou quaisquer objetos quebráveis que eventualmente estejam a mão! Também sempre se pode chorar, ou respirar fundo contando até a mil, quando o caso é sem jeito...
A maioria de nós, ao longo da vida - ou enquanto não atingir alguma espécie de nirvana - irá mesclar todas estas reações dependendo do contexto. Ocorre que ultimamente, não sei porque, tenho um pensamento constante nos momentos "eu não mereço isto" do meu dia-a-dia. Diria que está quase se tornando um padrão mental. Quando me vejo em cirscunstâncias, digamos, pouco gloriosas automaticamente imagino mulheres que admiro e/ou invejo de alguma maneira e penso "fulana de tal não passa por isso". Sério.
Fila do cinema, aquele monte de casais cuti-cuti, smack-smack lotam o saguão e eu, linda, loira e absoluta acompanhada tão somente de um saco de balinhas de goma e uma Coka Zero. Na hora penso: "a Scarllet Johanson não passa por isto".
7h30 da manhã, espremida numa lotação absolutamente digna deste nome, dando uma de circence para equilibrar a bolsa, a mochila da academia e chegar ao trabalho o menos descabelada possível, lá vem um slide na minha cabeça : "a Gisele não tem que passar por isto!".
Querendo muito dar uma de doida, falar algumas verdades, mandar alguma coisa a merda mas impossibilitada por uma série de contigências sociais, economicas, coorporativas ou seja lá o que for, inevitável pensar "a Madonna não tem que passar por isto! Tampouco a Angelina Jolie!!".
Meu blog teve apenas 1 comentário durante todo o mês, " a Fernanda Young não passa por isto".
Ainda não sei se estes pensamentos contribuem para aumentar a minha revolta... Creio que não, é somente uma constatação que faço, uma reafirmação de que, não, a vida não é justa e ponto. Conta até 3 e continua andando minha filha, que não há remédio neste momento, não.
Claro que a Madonna pode ter problemas com a babá da Lourdes Maria, a Scarllet pode vir a perder um papel para a Jessica Biel, e a Gisele pode - porque não - ter um pneu furado em plena 5° Avenida. Mas, cá entre nós, não parece que aconteça.
Como não creio que os momentos "me tira daqui" desapareçam significativamente nas próximas semanas, ou mesmo meses, acho bom manter bem atualizada e em alto nível minha lista de Divas Idealizadas, porque seria muito humilhante, num momento destes, inadivertidamente, pensar " nossa, aposto que a Mulher Goiabinha não passa por isto". Cruzes!!!!

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