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ABRAÇOS GRÁTIS


Que bobagem essa coisa de ABRAÇOS GRÁTIS, será que essa gente não tem mais o que fazer?! Pensou, enquanto subia a escada rolante olhando para a moça sorridente que, lá em cima, segurava o cartaz pardo com letras vermelhas, ABRAÇOS GRÁTIS. Desviou o olhar, coçou as costas da mão esquerda, checou o relógio (a 15ª checada dos últimos 15 minutos). Puta que o pariu! Tô mega-atrasado, o Júlio vai me foder nessa reunião


A escada subia lenta, quase num tempo paralelo. Ele bem que podia ir pelo lado esquerdo, mas se cansava fácil, o coração acelerava demais, melhor deixar quieto. Bufou. ABRAÇOS GRÁTIS, puta babaquice. De repente, ela parecia tão perto, e ele subitamente começou a suar, estranho, nem fazia calor, quatorze graus. Tão perto, como se o sorriso daquela jovenzinha ruiva fosse capaz de engoli-lo e o cartaz de letras mal acabadas, ABRAÇOS GRÁTIS, fosse uma espécie de rede, prestes a capturá-lo de um modo fatal. Súbito, sentiu o ímpeto de dar meia volta e descer a escada rolante ascendente, contrariando a física. Seguramente teria enfrentado o ridículo de fazê-lo, mas era tarde demais, chegara ao topo da escada na saída do metrô. Sem que pudesse pensar, já completamente empapado de um suor frio, sentiu aquele sorriso a esmurrá-lo na face, deixando-o tonto e sem ação. Os delicados bracinhos, agigantados, envolveram-no como teias das quais era impossível fugir. Sentiu ainda mais calor, sentiu-se verdadeiramente queimar. Quis gritar, mas já não viu mais nada. Acordou sem noção do tempo transcorrido, na maca do PS. 


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