Hoje em dia, fala-se
muito em pessoas multitask , capazes
de realizar 37 x N coisas ao mesmo tempo com igual eficiência, sem prejuízo de
nenhuma (ao menos em tese). Não que a gente tenha muita opção, na verdade. Pelo
menos não em uma megacidade como São Paulo. Assoviar e chupar cana enquanto toca
piano pedalando é bem normal por aqui.
Há pessoas, no
entanto, que são mais que multitarefas, poderíamos chamá-las de multiprojetos, ou multiempreitadas, ou
multitudo! O tipo que equilibra com sucesso projetos profissionais, vida
pessoal, social e ainda tem algum plus. Pode ser um lado esportivo, um engajamento político fora da curva, uma atuação religiosa tranformadora, uma
habilidade com origami... Porque, pasmem, tem gente que consegue! Eu (vai ver por
admirar tanto essa gente) meio que passei minha vida, até aqui, tentando ser igual e, em
alguns períodos de ilusão, cheguei mesmo a acreditar que era. Só que... assim...
não.
Acho que chegou aquele momento de
aceitar a realidade de que ou bem eu me dedico à uma coisa, ou bem eu me dedico
à outra (no máximo duas, vá lá!). Caso contrário, fico eu exatamente como estou
agora: com a sensação de passar de uma esteira rolante a outra sem chegar à
lugar algum.
|
Eu sou tipo esses moços: muito animados com tudo! |
Trabalho fazendo o
que gosto e escolhi (amém), mas claro que a rotina pesa no quesito tempo. É aí
que a porca torce o rabo, como diriam nossas avós. Dedico uma pequena fatia do
meu pequeno tempo livre para fazer um blog bacaníssimo que as pessoas curtam
ler (e meio que fail, o Analytics que o diga); outra pequena fatia para
o teatro (e fico aquém do que poderia e do que já fiz antes); mais uma fatiazinha para finalmente
atingir a tão desejada fluência no inglês (mas não saio do upper intermediate); outra fatia para mudar meu corpo, saúde e
disposição pela prática esportiva (mas não dá tempo para treinar quanto nem
como deveria) e por aí vai, uma grande lista de "quase lás".
Além da frustração
por sentir que nenhum projeto decola de verdade, ainda sinto uma pontadinha no cuore por que falta
tempo para me dedicar a outras coisas que eu realmente gostaria (e deveria), como
um trabalho voluntário consistente e constante, etc e tal. Colocando um
pouquinho de mim em cada coisa, acabo não colocando tudo de mim em nada.
No embalo daquelas
reflexões que a gente costuma fazer quando o fim de ano se aproxima, estou
pensando seriamente em começar 2015 fazendo uma “limpeza” de projetos. Elencar
duas coisas e me empenhar 100% nelas. Matar a cobra e mostrar o pau!
|
E eis minha lista re resoluções de ano novo! |
Agora me pergunte? O
que você quer largar para lá? A resposta, nada. É difícil escolher o “mais
importante”. Não faço um esforço danado para inserir na correria do dia a dia
algo que não tenha relevância para mim, que não me dê prazer, ou em que eu não
acredite. Daí, já viu, fica difícil passar a navalha.
|
Ma larga alguma coisa, beesha!!! |
Racionalmente
falando, sempre encontro razões para marcar quase tudo com a etiqueta vermelha
de prioridade, seja por razões profissionais, afetivas, sociais... O lance é
apelar para algum tipo de iluminação mística e ler os sinais que indiquem o que
fica, o que sai e o que entra em 2015. A propósito, está aí outra pendência para
qual tento há tempos achar uma vaguinha na minha vida (sem sucesso): adotar uma
prática espiritual, evoluir nesse quesito aí.
|
Dá pra viver sem "diversificar" demais, hein? |
Será que dá para ser
uma pessoa mono em um mundo tão multi?
Será que me adapto? Será que piro (ainda mais)? O negócio é pagar para
ver.
Comentários