Já publicou um
livro? Já ganhou algum prêmio? Já conheceu 78 países? Já ganhou o primeiro
milhão? Já mudou a vida de uma comunidade inteira com seu projeto? Já encontrou
o homem da sua vida (ou ao menos de alguma parte dela que seja maior que três
meses)? Não?!
Então está
fazendo o que aí, deitada, tirando um cochilo no sábado à tarde, lendo, vendo House of Cards no Netflix? Está louca?!
Trate já de levantar! Se aprume. Vá escrever. Vá ter alguma idéia genial. Vá
liderar um movimento revolucionário. Vá para a rua fazer alguma coisa - que
coisa? E eu é que sei?! Não importa. Vá fazer QUALQUER COISA – antes que seja
tarde demais! O tempo urge!
Ah, como é tem
sido difícil dar uma descansadinha ultimamente. Minha cabeça me sabota. Notei que não consigo
mais, simplesmente, curtir um dolce far
niente sem ser assaltada pela sensação de estar em débito com alguém ou
algo. Sei lá, com a Vida!
Não importa o quanto eu tenha
trabalhado ou me dedicado a algo, simplesmente não me dou o direito de passar 3
horas sem fazer nada. Começo a ver
coelhinhos malucos de Wonderland me
chamando de leniente enquanto me mostram os ponteiros de algum maldito relógio
a girar alucinadamente.
Isso porque eu faço um esforço
diário e consciente para não me deixar levar pela corrente dos que acham que a
vida é uma competição. Imagine se eu não fizesse.
Talvez eu seja uma egocêntrica
pretensiosa que acha que, de alguma forma, o “mundo precisa de mim”. Talvez
seja alguém sentindo a pressão de viver em uma cidade como São Paulo no séc.
XXI. Talvez não saiba, simplesmente, como ficar em silêncio quando minha única
companhia sou eu.
Bom, da próxima vez em que os
coelhos virem me tirar do meu cochilo vou ver se me levam até o chapeleiro
maluco, talvez eu só esteja precisando passar horas tomando um chá, como se não
houvesse amanhã.
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