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Mostrando postagens de dezembro, 2012

Então, ela chorou.

Então ela chorou por dezessete horas seguidas. Chorou sozinha. Chorou no trabalho. E na rua. Adormeceu com os olhos inchados, mas menos que o coração. Que parecia não caber no peito, de tanto que apertava. Dormiu um sono agitado, quente, abafado, de sonhos que não conseguiu se lembrar. Então, acordou e percebeu que fossem quantas fossem as lágrimas que vertesse, não lavariam o acontecido. Percebeu que fossem quantos fossem os apelos feitos com o peito arfante, seriam em vão. Pois, assim como quando um não quer, dois não brigam, é igualmente verdade que quando um não quer, dois não podem amar.  Afeto não é migalha que se implore, é dádiva que vem da alma, se têm ou não se têm. Fazia sol e o calor já vibrava lá fora.  Ela se levantou, tomou um banho e se vestiu, de branco. E, com o mesmo cuidado com que penteou os cabelos claros, arrumou a dor numa caixinha. Guardou a caixinha num canto da alma, um que só ela conhece, e que de vez em quando tem de visitar. Ain

Fazer-se de vítima x vitimar-se.

Não confundir. Fazer-se de vítima é diferente de vitimar-se. “Fulano se faz de vítima”, costuma-se dizer do sujeito que tem por hábito reclamar de todas as situações ou, ainda pior, reclamar constantemente da mesma situação... O sujeito que “se faz de vítima” culpa o outro, os deuses, a sorte ou o destino por seus males, isentando-se da responsabilidade (para não usar o termo culpa, mais pesado) pelo seu sofrimento nesta ou naquela situação. Quem “se faz de vítima” frequentemente, mais que comover o outro, tenta enganar a si mesmo. No fundo sabe que não é nada daquilo, o erro é seu, mas ele não quer assumir para não ferir seu orgulho ou seu ego. Já o sujeito que se vitima não é um enganador, tampouco alguém que não assume seus erros.  Ao contrário, é alguém que se rende a eles num grau tão profundo que, deliberadamente, se coloca na condição de vítima. Vítima do outro, vítima da situação, vítima da sua mente. Como se oferecesse a si mesmo  em sacrifício, na maioria das veze

O que aprendi e o que não aprendi aos 35.

Dentro de algumas horas - pela contagem que o humanos inventaram de fazer em algum ponto da história - completarei  35 anos de vida. Um terço de Niemeyer, quase 10 anos a mais do que conseguiu Amy Winehouse. Ou seja, se muito, se pouco, é relativo demais. Mas é  35, achei que merecia uma lista: o que aprendi e o que não aprendi aos 35 anos. Aprendi que não sou imortal, nem tenho todo o tempo do mundo pra fazer todas as coisas que eu quero. Não aprendi como aceitar que não tenho todo o tempo do mundo e nem vou poder fazer todas as coisas que eu quero. Aprendi que deixar meu nome gravado na história da humanidade com algum feito notável é bem mais difícil do que eu achava quanto tinha 15 anos. Não aprendi virar cambalhota, nem estrela. Aprendi que ninguém vai gostar de mim pelo simples fato de eu gostar da pessoa. Não aprendi a fazer a sensual no rolê. Aprendi que minha aparente fragilidade, às vezes, é muito mais força do que os outros (e até eu mesmo) imagino. Não aprendi

Distrações ou Reforçando o estoque de bacias...

Pois sim, vocês que são mais informados podem me criticar, mas até uma semana atrás eu nunca tinha ouvido falar em Miranda July, até que este vídeo chegou até mim, via Isabela, minha companheira de trabalho super antenada nas "modernage".  Achei o vídeo demais. Simples, fofo e contundente. Claro, fui então dar uma googlada no nome da moça e descobri que ela é do tipo 1002 utilidades e uma das atuais queridinhas e odiadinhas da América, ao mesmo tempo. Mas este não é um post sobre o trabalho dela, é somente sobre este vídeo "A Handy Tip for a Easily Distracted".  Um vídeo para ensinar a mim, a você e aos 95% da população uma forma, digamos, prosaica, prática,eficaz e (claro, super poética) de não nos deixar levar pelas pequenas/ grandes distrações quotidianas que jogam nossa produtividade no chão e deixam nossos objetivos mais distantes. Se você é do tipo 100% focado o tempo topo e imune às distrações invasivas da contemporaneidade. Bem, em primeiro luga