Tem coisas na vida que fazem a gente pensar, assim, num grau mais profundo sobre aqueles questionamentos existenciais do tipo: quem sou eu? de onde vim? para aonde vou? etc,etc. É sério, e não me refiro a situações extremas como ter um filho, passar por uma guerra, sobreviver a dengue ou sentar no sofá da Hebe. Coisas mais banais,eventos corriqueiros da vida de um(a) cidadão(ã) médio(a).
Por exemplo, há uma situação que, quando ocorre, me coloca num profundíssimo conflito de identidade. Provavelmente já se passou com alguns de vocês.
Um amigo vira e diz: "Nossa, preciso te apresentar o fulano, ele é sua cara!! Vocês tem tudo a ver e blá, blá, blá." Ai eu penso, "Hmmmm, será?" Tentando obter maiores informações "Mas, assim, ele faz o que da vida, como ele é e tal, tal, tal" e o amigo lá " Não! Nem vou falar nada! Vocês tem TUDO A VER! Você vai ver só. Ele é a SUA CARA" Diante de tamanha empolgação, quem resiste não é mesmo? Vá lá, seu amigo te conhece há 18 anos, se ele diz...
Enfim,dá-se o encontro(que pode ser "casual" ou não), eu chego lá, toda feliz e... Pausa dramática. Eu sorrindo amarelo e o cérebro só trablhando, "Peraí? Como assim este cidadão é a MINHA CARA? Deve estar havendo algum engano, tô na festa errada" O sujeito todo simpático, apresentações, aquela coisa de sempre. E eu penso. "Calma, respira, não seja imediatista, deixa a pessoa pelo menos falar". E não é que a pessoa fala?! O pior é que ela fala! Sensação de flutuar fora do próprio corpo. Lembro do amigo " É a SUA CARA"; "Nossa, TUDO a ver"; Você TEM QUE conhecer fulano" . Após quarenta minutos de conversa, tendo batido o próprio recorde de tolerância, eu finalmente acho uma boa desculpa, tipo avó internada, e consigo dar o fora, às vezes tendo que engolir uma troca de telefone para não dar maiores explicaçõas, que a esta altura já quero fugir correndo, a la Forest Gump, pensando "poderia perfeitamente ter economizado o dinheiro da escova".
Depois deste tipo de episódio me coloco realmente em cheque. Não pelo fato de não ter dado link com esta ou aquela pessoa, afinal se todos se amassem e atraíssem por todos viveríamos uma suruba global ininterrupta, uma age of aquarius sem fim.
O ponto crucial é: se o meu amigo - que me conhece ha décadas, convive comigo, e por seu meu amigo, deveria ter uma opinião bastante simpática a meu respeito - acha que meu par ideal é um ser que, em comum comigo, só tem o fato de, sei lá, gostar de batata frita, que raios de imagem eu passo ao mundo então?! Será possível que tudo o que eu acho que sou, na verdade sou exatamente o contrário e só eu não vejo? Olha, dá um medo, viu.
Por exemplo, há uma situação que, quando ocorre, me coloca num profundíssimo conflito de identidade. Provavelmente já se passou com alguns de vocês.
Um amigo vira e diz: "Nossa, preciso te apresentar o fulano, ele é sua cara!! Vocês tem tudo a ver e blá, blá, blá." Ai eu penso, "Hmmmm, será?" Tentando obter maiores informações "Mas, assim, ele faz o que da vida, como ele é e tal, tal, tal" e o amigo lá " Não! Nem vou falar nada! Vocês tem TUDO A VER! Você vai ver só. Ele é a SUA CARA" Diante de tamanha empolgação, quem resiste não é mesmo? Vá lá, seu amigo te conhece há 18 anos, se ele diz...
Enfim,dá-se o encontro(que pode ser "casual" ou não), eu chego lá, toda feliz e... Pausa dramática. Eu sorrindo amarelo e o cérebro só trablhando, "Peraí? Como assim este cidadão é a MINHA CARA? Deve estar havendo algum engano, tô na festa errada" O sujeito todo simpático, apresentações, aquela coisa de sempre. E eu penso. "Calma, respira, não seja imediatista, deixa a pessoa pelo menos falar". E não é que a pessoa fala?! O pior é que ela fala! Sensação de flutuar fora do próprio corpo. Lembro do amigo " É a SUA CARA"; "Nossa, TUDO a ver"; Você TEM QUE conhecer fulano" . Após quarenta minutos de conversa, tendo batido o próprio recorde de tolerância, eu finalmente acho uma boa desculpa, tipo avó internada, e consigo dar o fora, às vezes tendo que engolir uma troca de telefone para não dar maiores explicaçõas, que a esta altura já quero fugir correndo, a la Forest Gump, pensando "poderia perfeitamente ter economizado o dinheiro da escova".
Depois deste tipo de episódio me coloco realmente em cheque. Não pelo fato de não ter dado link com esta ou aquela pessoa, afinal se todos se amassem e atraíssem por todos viveríamos uma suruba global ininterrupta, uma age of aquarius sem fim.
O ponto crucial é: se o meu amigo - que me conhece ha décadas, convive comigo, e por seu meu amigo, deveria ter uma opinião bastante simpática a meu respeito - acha que meu par ideal é um ser que, em comum comigo, só tem o fato de, sei lá, gostar de batata frita, que raios de imagem eu passo ao mundo então?! Será possível que tudo o que eu acho que sou, na verdade sou exatamente o contrário e só eu não vejo? Olha, dá um medo, viu.
Comentários
beijão
Me fez lembrar de uma música do Tihuana: Que ves? Que ves cuando me ves?
Gostei daqui.
Voltarei, com certeza.