Sabe, já há muito tempo eu queria ter você por aqui, mas o tempo foi passando, passando e sempre uma ou outra coisinha me fazia deixar a ideia para mais tarde. Até que, em uma manhã de sábado, pumba! Você apareceu já aqui dentro, assim, do nada. Pequenininho, franzino, só olhos e orelhas. Zero pedigree. Nenhuma referência que não a rua. Não houve mais margem para desculpas. Você era o mais novo morador desta casa e ponto. Saca só o tamanho das orelhas desse nanico. Tímido, assustado, faminto, andava com passinhos vagarosos e desconfiados, fazendo o reconhecimento do local. Será que vai se habituar? Será que vai me amar? Porque eu já amo, pensei. É, parece bobo e, com certeza, soa ridículo para alguns, mas eu já era doida alucinada por você, aquela coisinha recém chegada e peluda. Daí aconteceu algo engraçado, não sei se você se lembra. Aliás, gatos tem lembranças? Bom, isso não faz a mínima diferença, já que gatos não sabem ler e você é o interlocutor deste post,